Bora tirar a poeira dessa bagaça...
Estamos aqui, eu e a barriga, agora com 29 semanas. Ta chegando
perto do Emanuel nascer, to ansiosa, feliz e um pouquinho apavorada, mas acho
que faz parte...
A gravidez está indo muito bem, não tive nenhuma intercorrência
ou complicação. Pressão, exames, até meu peso ta ótimo, só engordei 9 quilos
até agora. Tudo que quero é ver a carinha do meu filho; sonho com isso há muito
tempo.
E ainda bem que estou bem... os últimos dias não foram muito
fáceis.
Meu cunhado, irmão do meu marido, sofreu um acidente dia 18
de junho e veio a falecer no dia 20.
Foi uma coisa muito inesperada, triste, difícil de lidar...
a família ainda está inconformada, principalmente minha sogra. Uma mãe não
deveria perder um filho assim, repentinamente, num acidente tão sei lá...
besta. Ele caiu sozinho e bateu a cabeça numa tartaruguinha de sinalização. Não
foi um atropelamento, não foi algo provocado; ele estava indo trabalhar.
Eu tive que assumir a parte burocrática do funeral, o resto
da família não tinha condições pra isso. Passei a madrugada com meu marido indo
em delegacia, funerária, clínica, IML... e grávida. Todo mundo preocupado comigo, mas eu estava
bem. Só consegui chorar na hora do enterro... Ele era um querido, ia ser o
padrinho do Emanuel.
Isso me fez entrar em reflexão profunda, sobre como somos
pequenos e frágeis. Sobre como poderei criar meus filhos, sobre que mãe eu vou
ser, sobre como meus filhos vão se portar pela vida.
Revi minhas prioridades, estou tendo que refletir sobre o
que realmente importa. Nós podemos partir a qualquer momento, qual é o legado
que deixamos aqui?? Qual a obra que nos fará sermos lembrados?
Eu tenho que ensinar meus filhos a serem justos, honestos;
tenho que lhes dar exemplos... não adianta eu dar uma vida confortável materialmente
se seus espíritos não evoluírem, se suas existências não forem de amor.
Eu vou ter um filho, Deus está me dando a chance de me
reconciliar com esse ser que carrego em meu ventre; estou tendo a chance e a
missão de guiá-lo para o caminho do bem,
de participar de sua evolução. E tudo o que eu quero é ser guiada por
Deus nesse caminho.
Mas ao mesmo tempo eu preciso ter a consciência de esse ser
que está prestes a nascer tem uma missão própria e que... ele não é meu. Ele é
um presente, Deus está me “emprestando” esse espírito e por algum tempo, não
sei quanto, ficaremos juntos. Eu já o amo, com toda minha alma e todo meu
coração. Morreria pra que ele vivesse já.
Eu não sei do futuro, não posso dizer o que pode ou não
acontecer. Mas o que sei é que Deus tem caminhos que a gente não entende, tem
planos que estão fora de nosso alcance, tem lições a nos dar que não
compreendemos. A gente planeja, imagina
como vai ser, cria expectativas... mas o plano Dele é maior e Sua vontade
soberana. O que posso fazer é aceitar, procurar evoluir, mudar conforme
necessário, rever meus conceitos sempre que preciso.
Deus esteja com você Gledson. Vou sentir falta das suas
crises de stress, da sua mania de ir no cinema e chegar contando o fim dos
filmes, da sua paixão pelo Palmeiras, de como vc reclamava da programação da TV,
do seu espírito solidário, livre, festeiro; do seu senso de justiça, da sua
dedicação aos próximos; de como vc sempre estava disposto a nos ajudar, sem
pedir nada em troca.
Vá em paz e proteja seu sobrinho daí do outro lado.
:)